FECONSEG/SE promove o Prêmio Mulheres Maravilhosas 2023

O prêmio deste ano levou o nome da Yalorixá Mãe de Santo, Marizete Silva Lessa, maior símbolo do Candomblé sergipano na atualidade.

Foto; Arquivo 2023 do visitedores.com.br

 
O Dia Internacional da Mulher é comemorado mundialmente no dia 8 de março, e frisa a importância da mulher na sociedade e a história da luta pelos seus direitos.
 
No “Dia Internacional da Mulher”, a Federação dos Conselhos Comunitários de Segurança Pública do Estado de Sergipe (Feconseg), realizou a 8ª edição do Prêmio Mulheres Maravilhosas com o "Troféu Marizete Silva Lessa”. O objetivo do prêmio é valorizar as mulheres, que, independentemente, da posição social vem ocupando os mais altos andares na sociedade do Estado de Sergipe.
 
A Federação completou 17 anos em janeiro de 2023, ela foi criada em 14 de janeiro de 2006, pelos conselhos comunitários da época com o intuito de agregar com os conselhos comunitários de segurança a defesa do povo sergipano com relação à prevenção a violência em todo o estado de Sergipe. A  8ª edição do Prêmio Mulheres Maravilhosas deste ano levou o nome da Yalorixá Mãe de Santo, Marizete Silva Lessa, maior símbolo do Candomblé sergipano na atualidade. 
 
Biografia:  Marizete Silva Lessa, 93 anos, viúva, moradora da Rua Mãe Nanã nº 70, Bairro América, Aracaju- SE, nasceu no dia 10 de maio de 1930 na cidade de Aracaju. Sua vida, ainda na pequena infância, fora marcada por perdas.Seu pai, Manoel Santos Silva era neto de pais escravizados, moradores de Laranjeiras-SE, sua Mãe, Isaura Santos, de origem rural e humilde moradora do Povoado Roque Mendes, Riachuelo-SE.
 
Foi a quinta filha de uma prole de 06 filhos do casamento de Manoel e Isaura.Com apenas 10 anos de idade, ficou órfã junto aos seus 05 irmãos, sendo tutelados e criados pela tia materna Erundina Nobre dos Santos, conhecida por Mãe Nanã, que naquele mesmo ano (1940) a inicia no candomblé, dando-lhe o nome e consagrando-a “Oyá Matamba”. 
 
Desde cedo, a vida humilde lhe obrigara a ser a principal auxiliar de sua tia-mãe anciã, ajuda-a em tudo, do sustento da casa às práticas religiosas, o que não permitiu concluir seus estudos. Em 1952, recebe das mãos do Orixá Oxum da sua mãe de criação e espiritual, Mãe Nanã, o cargo hierárquico e senioridade sacerdotal, tornando-se definitivo uma Ìyálòrìṣà e nesse mesmo ano, casa-se com o Senhor Francisco Pereira Lessa. 
 

Foto; Arquivo 2023 do visitedores.com.br

 
Em 1966 transfere sua residência para o Rio de Janeiro, onde funda seu terreiro de candomblé, Abassá Oyá Matamba, na rua Clara Borges, no bairro de Anchieta., em contudo, apesar da distância, deixar sua Mãe Nanã sozinha em Aracaju, uma vez que tinha sido escolhida por Oxum para ser a sucessora e continuadora do legado , saberes e tradições de sucessora de Mãe Nanã 
e do Seu Abassá São Jorge, no Bairro América.
 
É na cidade do Rio de Janeiro, que Mãe Marizete projeta seu nome como uma grande líder espiritual, sendo seu terreiro frequentado por cantores e artistas, como Milton Gonçalves, Claudia Raia, Eliezer Mota, Nuno Leal, Inês Galvão, Eliana Pittman, Antônio Pitanga entre outros. Em 1981, com a morte de Mãe Nanã aos 105 anos, Mãe Marizete assume todas as responsabilidades do Abassá São Jorge. Vende seu terreiro no Rio de Janeiro e regressa a Aracaju para continuar os ensinamentos de Mãe Nanã. Atualmente possui mais de 4.600 iniciados no candomblé distribuídos por Sergipe, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Maranhão, Ceará, Espírito Santo, Alagoas, Pernambuco e Paraíba. E, no exterior, residentes e nacionais da Itália, Portugal, Alemanha e Estados Unidos.
 
Em abril de 1992, Mãe Marizete é convidada para participar da minissérie Tereza Batista, da Rede Globo, cujas gravações ocorreram, em sua maior parte, na cidade de Laranjeiras-SE, interpretando a personagem da Ìyálòrìṣà de Tereza (personagem interpretada por Patrícia França). No ano de 2003, grava seu primeiro Cd “Matamba: Raízes das minhas Águas”, com cânticos aos Orixás e Jinkisi (Kọrin Òrìṣà/Muimbu Jinkisi), nas línguas Yoruba e Kimbundu. 
 
 
No dia 08 de dezembro de 2004 , funda o primeiro Afoxé do Estado de Sergipe - Afoxé Omo Oxum - associação recreativa sob forma de entidade jurídica, sem fins lucrativos, que tem como eixo norteador as questões de gênero, racialidade e etnicidade , uma vez que, além de propiciar visibilidade às mulheres, ao tempo em que torna-se instrumento de combate à discriminação de gênero,racial, social e cultural, além da inclusão na diversidade, cujo cortejo em seu primeiro ano contou com a participação de 4.000 (quatro mil ) mulheres, na Orla de Atalaia.
 
Em 06 de dezembro de 2005, Mãe Marizete recebe da Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe a maior honraria daquela Casa Legislativa , a Medalha da Ordem do Mérito Parlamentar, através da então Deputada Ana Lúcia, sendo primeira vez que a ALESE oferta essa honraria a uma mulher pobre, negra  e que representa o Candomblé de Angola/ / Ìjẹ̀ṣà no Estado.Em 10 de julho de 2009, recebe o prêmio Odùduwà do Fórum Sergipano das Religiões de Matriz Africana.Em 04 de dezembro de 2010, a Prefeitura Municipal de Aracaju – através do prefeito Edvaldo Nogueira, a homenageia pela passagem dos 70 anos de sua iniciação religiosa no candomblé. Em 29 de outubro de 2010, é homenageada com o Prêmio Ìyá – Mulher Negra, Mulher Guerreira, pelo Grupo Um Quê de Negritude.Em 20 de novembro de 2013, recebe a Medalha Abdias Nascimento da Assembleia Legislativa de Sergipe,através da então Deputada Estadual Conceição Vieira. Honraria que tem por objetivo reconhecer personalidades que tenham oferecido contribuições relevantes à proteção e à promoção da cultura afro-brasileira. 
 

Foto; Arquivo 2023 do visitedores.com.br
 
No ano de 2016 , em Brasília, foi condecorada com honraria da Secretaria Especial de Políticas de Igualdade Racial(SEPPIR) e, nesse mesmo ano recebeu o Prêmio Manadeuí (Mãe Nanã) do Fórum Sergipano de Religiões de Matriz Africana em parceria com a Coordenação de Políticas da Igualdade Racial (COPPIR) e da Secretaria de Estado da Mulher,Inclusão, Assistência Social, do Trabalho e dos Direitos Humanos (SEIDH). No ano de 2019 a Revista Cumbuca publica uma grande reportagem sobre a Festa de Iansã do Abassá São Jorge e Mãe Marizete.
 
Em março de 2019, leva pra desfilar em Salvador, durante o carnaval, no circuito tradicional Dodô e Osmar, a Banda Omó Oxum.Em 08 de março de 2019 é agraciada com o Troféu Marielle Franco, durante o ‘Prêmio Mulheres Maravilhosas 2019’, evento promovido pela Federação dos Conselhos Comunitários de Segurança Pública do Estado de Sergipe (Feconseg/SE).Em 23 de novembro de 2019, é contemplada com o Prêmio Azuela pela contribuição e por ser referência no candomblé sergipano.
 
Em 08 de março de 2020, foi homenageada com o Troféu Subtenente Eliana Costa na 6ª edição do Prêmio Mulheres Maravilhosas 2020 - cerimônia organizada pela Federação dos Conselhos Comunitários de Segurança Pública de Sergipe (Feconseg) e com o apoio da Polícia Militar de Sergipe. Em 08 de março de 2022, na 7ª edição do Prêmio Mulheres Maravilhosas 2022, foi homenageada com o Troféu que levou o nome da Senadora Maria do Carmo do Nascimento Alves.
 
De acordo com o Diretor Executivo da FECONSEG-SE e Secretário Geral da CONFECON-DS, Ailton Figuerôa, o idealizador de homenagear as mulheres sergipanas com o "Troféu Mulheres Maravilhosas,” o objetivo do prêmio é valorizar as mulheres, que, independentemente da posição social vem ocupando os mais altos andares na sociedade do Estado de Sergipe. 
 

Foto; Arquivo 2023 do visitedores.com.br

 
Por duas gestões, com muita maestria Ailton Figueirôa esteve à frente da Federação como Presidente da FECONSEG-SE. Em janeiro de 2022,passou o bastão da presidência para Júlio César de Jesus Figueiredo, que deu continuidade em homenagear as mulheres e com brilhantismo prosseguindo com os trabalhos a frente da federação com 85 Conselhos de Segurança. 
 
Para Júlio César, atual presidente da FECONSEG/SE, “dar continuidade, em homenagear as mulheres com "Prêmio Mulheres Maravilhosas", só vem fortalecer a mulher sergipana, que a cada dia mostra a garra e a dignidade com que está lutando e ocupando espaços importantes na sociedade sergipana. O “evento acontece desde março de 2015, mês que comemora o ‘Dia Internacional da Mulher”, destacou o presidente da Federação.
 
A cerimônia da 8ª edição do Prêmio Mulheres Maravilhosas foi realizada na tarde da quarta-feira (8 /03 /20223), no auditório do SESC Comércio Raimundo Juliano, localizado na avenida Otoniel Dória, no centro de Aracaju - Sergipe.
 
Por, Delmanira Brito, Jornalista com DRT 0002029/SE
 
Fotos: Arquivo do visitedores.com.br
 
 
 
 
 

14 de Março de 2023,
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